Segunda-feira, 10 de Outubro de 2005
Antes a perda das eleições do que a do País. É preferível viabilizar Portugal a assegurar vitórias eleitorais.
Vitória eleitoral até Durão Barroso teve, de braço dado com a pior das companhias Paulo Portas. E foi com essa vitória que surgiu a recessão, ajudada, é certo, pela crise internacional; que o desemprego se descontrolou; que o desânimo invadiu Portugal enquanto a credibilidade externa se diluía numa deriva atlantista de contornos belicistas, irresponsável e subserviente à actual administração republicana dos EUA.
Do pelotão da frente, no avanço e aprofundamento da União Europeia, passámos para a retaguarda. Fomos cúmplices na invasão do Iraque que sabemo-lo agora, pela BBC , resultou da conversa de Deus com Bush e da obediência deste aos desígnios divinos.
O PSD tem hoje a liderá-lo um democrata europeísta Marques Mendes. É a direita de rosto humano, com sentido de Estado. Não há, pois, receio de que Portugal se converta na Madeira cujo autocrata vitalício transformou numa ilha politicamente monocolor e democraticamente asfixiante.
Até o CDS, que alberga a franja mais reaccionária e troglodita do eleitorado português, é dirigido por um líder civilizado e europeu.
Assim, sejam quais forem as vicissitudes dos próximos actos eleitorais, não é o regresso ao autoritarismo que se vislumbra, nem a reprodução do polvo madeirense nos ameaça.
Agora é o momento de o PSD dizer como pensa corrigir défices orçamentais e a quem pretende fazer pagar a crise.
O aperto do cinto está apenas no princípio e os produtos petrolíferos não regressam aos preços do passado. Os sacrifícios que nos esperam não auguram tempos fáceis para o Governo. Apenas espero que não tenha a tentação de fazer pagar aos mais fracos o ónus que a herança recebida e a conjuntura que persiste nos obrigarão a pagar.