Num dia em que em Almeida se fala de Património Histórico, com a comemoração do Dia dos Municípios com Centro Histórico, deixamos neste espaço dois documentos que nos chegaram por gentileza do amigo Manuel N. B. Forte, documentos oriundos da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, em que se encontram listados os monumentos do Concelho já classificados e aqueles que, já inventariados, aguardam a respectiva classificação.
Gosto de achar que carrego, por via dos anos, um certa dose de privilégio, passe o exagero. As razões entendê-las-ão bem os da minha idade: é que nós, os que nasceram aí pelo fim dos anos cinquenta, princípios de sessenta, somos bem de dois mundos. Soubemos o que era viver sem electricidade e as comodidades correlativas mas chegámos a conhecer os benefícios da electrónica e das novas tecnologias. Dominamos, uns melhor que outros, as teclas do computador, do telemóvel, do i-phone e de outras modernices mais ou menos diabólicas.
Eu e tantos da minha e das gerações adjacentes vivemos o estertor do Estado Novo e mais, muito mais do que isso, vivemos, na melhor altura das nossas vidas, esse deslumbramento que foi o 25 de Abril. Se num dia soubemos o que era o medo real e insidioso, no outro provámos o sabor da Liberdade. Já se sabe que quem o prova uma vez, fica viciado para toda a vida. Diria antes, insatisfeito e carente. Foi o tempo dos sonhos desmedidos, como os classificaria Torga à beira da morte, desiludido com isso que é a essência dos sonhos: a impossibilidade de se tornarem reais. Mas ele, como o poeta, não o saberia já?
Mas há mais. Tivemos o privilégio de ver entrar em casa a primeira televisão, obrigatoriamente a preto e branco onde vimos a chegada do homem à Lua para, anos depois, assistirmos em directo e a cores aos dois mais fantásticos golos de que há memória na história do futebol, um com a mão de deus, outro, passados minutos, com o divino pé esquerdo de Maradona. Posso talvez concluir que a primeira parte das nossas vidas foi a preto e branco e a segunda com imagens e a cores.
Talvez a introdução vá demasiado longa para dizer apenas que tenho, e mais difícil ainda, mantenho, vai para dois anos, um blogue na Internet onde, diariamente, dou conta dos meus estados de espírito, das minhas indignações, opiniões e alegrias (estas, infelizmente, poucas). Descansem todavia os leitores, não estou a aproveitar-me desta página quatro que, com gosto, ocupo há anos, para fazer publicidade gratuita ao meu humilíssimo blogue. Quero antes dar conta de um fenómeno algo curioso, que periodicamente reincide no espaço cibernético e que comecei a notar no dito espaço. Trata-se da assunção, dissimulada sob a capa do anonimato de algo que já deveria estar morto e enterrado: o medo. Medo de dar a cara, medo de emitir opiniões, medo de expor ideias.
Estou em crer que essa atitude cobarde (para quê ter medo também das palavras?) seja algo de atávico que teve séculos de Inquisição e décadas de salazarismo a fornecer-lhe fundamentos e razões e que não são trinta anos de Democracia, ainda por cima tão pobre como a nossa, que a vão revogar.
Eu explico melhor. Os blogues proliferam na blogosfera e têm tantas virtudes como defeitos. Entre as primeiras podemos assacar a possibilidade, antes inexistente, de tornar públicas e partilhar com outros, as nossas opiniões, indignações, raivas, alegrias, etc. Não é de somenos esta possibilidade. Mas, ao mesmo tempo, dá-se livre curso e amplia-se a mentira, o boato, a intriga. É também comum, os leitores do blogue poderem comentar os posts da responsabilidade dos seus administradores e é aqui que se manifesta essa praga nacional que é o anonimato. Anónimos dão, nesses comentários, a imagem de todo um país. Fazem ataques pessoais, insultam, dão voz à ignorância e à baixaria. Quando se trata de ter opinião desculpam-se com a mulher e os filhos e o emprego e as represálias para não assinarem por baixo. Não se trata, claro, de nada disso. Trata-se, isso sim, de nem sequer ter opinião e quando se tem é a do dono a quem não se quer, de modo algum, desagradar.
José Gomes Ferreira, esse grande e esquecido escritor, contou que certa vez, durante a repressão do Estado Novo, num grupo de opositores ao regime quando alguns se desculpavam com a família para não assumir publicamente o seu desacordo, houve um que resolveu dar a cara. Ignorou os avisos dos amigos que o alertavam para os perigos que corria, inclusive o de ser preso e que o instavam a que desistisse do seu irresponsável intento. Em vão o fizeram e a sua resposta foi: “Não desisto, não posso. Tenho filhos para criar!” Não são desta cepa os anónimos que enxameiam a Internet.
Quem quiser tirar a prova, basta consultar um dos muitos blogues criados por gente de Almeida, embora o mal não seja só nosso, é geral. Em ano eleitoral, discute-se muito a autarquia e o seu futuro. As figuras dos bastidores das candidaturas mais fortes não conseguem disfarçar o nervosismo, na esperança de um lugar ou na desesperança de quatro anos de travessia do deserto. Vai daí, disparam em todos os sentidos, tentam atingir o que eles vêem como obstáculos aos seus objectivos, mas…não mostram a cara. A coragem não dá para tanto e o espaço de manobra para futuras cambalhotas ficava seriamente reduzido.
Conviver com esta gente sem nome é um dos espinhos que temos que aguentar. Ninguém disse que viver em democracia era fácil.
Aristides Rodrigues - "Tribuna Livre" / Praça Alta n.º 166
O actual Presidente da Câmara de Almeida, é o primeiro candidato oficial para as autárquicas deste ano. Foi num jantar convívio de militantes sociais democratas, que se realizou no passado sábado em Vilar Formoso, que a candidatura de Baptista Ribeiro foi oficialmente confirmado pelas estruturas do PSD.
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