Como já referi, guardo recordações que minha Mãe me transmitiu falando-me da sua infância e adolescência em Vilar Formoso. Meus Avós maternos, os Fonsecas, residiam na Estação, onde tinham uma casa de comércio. Ali não havia escola primária e as crianças tinham de se deslocar ao Povo, então separado por uns 2 km de estrada sem casas a ladeá-la. O crescimento urbano, principalmente a partir da década de 1960, uniu os dois pólos e tornou Vilar Formoso a vila que hoje é, com características singulares e um certo toque citadino.
A primeira Escola a ser construída na Estação, na década de 1930, ficou a dever-se a meu tio-avô, o Comendador Albino Monteiro, que passou a maior parte da sua vida no Brasil. O núcleo da Estação de Fuentes de Oñoro tinha já Escola desde 1890…
Das recordações de minha Mãe do tempo de aluna da Escola do Povo, dois episódios muito a impressionaram. Corria o mês de Maio ou Junho, por volta de 1900, com dias quentes e luminosos. Num deles, estavam na aula, quando escureceu de repente, anunciando que a noite ia cair. As aves entravam como loucas pelas janelas da Escola e as crianças gritavam assustadas. De repente ficou noite escura, muito escura, com estrelas no céu. Depois, pouco a pouco, voltou a clarear.
O Mestre-escola, (a designação de professor primário apareceu só com a Primeira República), explicou que se tratava de um eclipse. A experiência vivida pelos alunos foi um grande susto.
Outro episódio que muito a impressionou ocorreu numa noite de estio, também na sua infância. Estavam a cear quando ouviram gritos dizendo que caíra uma estrela. Um meteorito atravessara bastante baixo o céu e tombara para os lados da Cidade de Rodrigo. Como as pessoas se dirigiam para um dos pontos mais altos da povoação, seguiu-as com os pais. Ao longe via-se um clarão intenso. Uns diziam que era a estrela caída; outros que era o incêndio que provocara.
Os vizinhos de Fuentes confirmaram, no dia seguinte, a queda do meteorito. Até hoje não encontrei referências a este queda. Fica aqui o apontamento.
As histórias mais animadas que minha Mãe contava eram as dos ursos gaiteiros, que, de tempos a tempos, depois de deambularem por Espanha entravam em Portugal. Vinham da Hungria. Dançavam ao som do pandeiro, pressionados pelos freios com que os domadores os seguravam e não pelo gosto de dançar. Miúdos e adultos faziam círculo para os ver. Por vezes, os ursos abraçavam um dos assistentes, obrigando o domador a intervir e pondo os outros a rir.
Minha Mãe quando jovem estudante da Escola Normal da Guarda e mesmo depois de formada, assistia nas férias ás festas arraianas, acompanhada pelas primas e amigas de Vilar Formoso, onde havia grande solidariedade entre a gente moça. As festas de maior vulto eram a da Santa Eufêmia na Freineda, com um famoso arraial e música e a da Senhora da Assunção em Fuentes de Oñoro, a que nunca faltava a tourada e o baile. Recordava também o manúbio de Fuentes, um órgão gigante, cujo mecanismo era rodado à mão (manúbio), soltando música para bailar. O ritmo dependia do impulso de quem rodava a manivela.
Das recordações tristes, avultava a da pneumónica, que quase a levou mas não poupou a minha Avó.
Para evitar a entrada em Portugal de portadores de doenças contagiosas havia o Lazareto, um posto de controlo sanitário, perto da fronteira, onde os suspeitos ficavam de quarentena. Em Fuentes também havia, localizado nos Pinos. O senhor José Fernandes numa das suas interessantes cartas descreve-o:
A estrutura do Lazareto era muito complexa. Tinha laboratórios de análises, lavandaria, um poço coberto para abastecimento de água, as enfermarias do isolamento dessiminadas no meio do arvoredo. Restam dessas construções o edifício da Junta de Freguesia, já completamente remodelado e o quartel da G.N.R., o Cristo ou Santo Cristo.
O Cristo, a que já me referi noutro artigo, era uma antiga capela que servia de cadeia. O senhor José Fernandes esclarece que um preso com habilidade dedicou-se a desenhar o Cristo na cruz numa posição pouco vulgar. Em vez da vertical colocou o desenho numa posição oblíqua de modo a ter a maior área possível da parede rectangular quando se entrava, o desenho partia do ângulo superior esquerdo e acabava no ângulo inferior direito. Era feito a carvão e tinha qualidade. O Lazareto era cercado por um muro de pelo menos 2 metros de altura. As árvores eram principalmente ailantos, amoreiras, uma cerejeira e um abrunheiro. O ailanto é uma árvore trazida da China pelos portugueses a qual, significa lá “árvore do Céu”.
Uma vez mais agradeço ao senhor José Fernandes as suas preciosas informações.
Dr. Adriano Vasco Rodrigues
Neste Verão acabo por passar nas terras da raia mais tempo do que é habitual. E assim posso observar mais descontraidamente as pessoas e as paisagens.
O Rancho da Bichoeira
Em S. Pedro, na Bichoeira, junto à ribeira de Tourões, antes de chegar a Nave Rodrigo, costumava eu deixar o burro quando, garoto, ia com o ti Norberto buscar o pão à Alameda. Agora tem lá o Amândio Caldeira, com os irmãos, o seu rancho. A sanzala, como ele diz. O Amândio é um ecologista militante, que passa bem sem televisão e até sem electricidade. Gosta da natureza, convive bem com as raposas, conhece e protege a fauna e a flora da região.
Com grande prazer fui almoçar ao rancho da Bichoeira. E desta vez cheguei lá através duma estrada nova, ainda inacabada, que a Câmara Municipal resolveu construir para ligar a zona à sede da freguesia, possivelmente ajudada por algum fundo europeu. Mas eu achei a obra exagerada. Destruíram-me o caminho de Nave Rodrigo, que fora calcorreado pelos avós dos nossos avós, e rasgaram ali aquela obra que ainda vai servir de pista de ensaios aos aceleras.
Bem gostava eu de ver ali uma estrada de campo, a respeitar as curvas do caminho, contornando um ou outro barroco, ondeando ligeiramente ao sabor do planalto raiano, sem agressões violentas na paisagem! Se até os suíços fazem isso, por que não aprender com eles?!
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O Castelo de Almeida
Em tempos chamei a Almeida ‘vila castrada’, pela trágica amputação do seu castelo. E sempre achei que se devia restituir à vila o seu falo, sinal de vitalidade e de pujança. Dizem-me agora que lhe querem pôr um implante de silicone, para substituir a peça original. Na verdade estou a exagerar, e o facto é que conheço mal o projecto, apresentado numa sessão pública em que gostaria de ter participado. Mas não tive oportunidade de o fazer.
Um burgo que já teve aspirações a candidatar-se a património da Unesco deve tratar a questão dos arranjos do castelo e da sua envolvente com os cuidados que o assunto merece. E a oportunidade é única. Por isso deverá a autarquia convocar um concurso internacional de ideias, e procurar interessar os melhores arquitectos, a nível nacional, europeu e mundial. Eles vão gostar, e vão produzir boas ideias. Depois é deixar os almeidenses escolher a melhor.
Se fizer isso, Almeida ficará no mapa da cultura mundial. Se não puder, ou não quiser fazê-lo, deixe o Sr. Presidente tudo como está. Mande fazer uma boa limpeza, e plante um relvado à volta!
A ASTA
Claro que não podia deixar de visitar a ASTA, agora que me aceitaram como amigo. Eu digo que a ASTA é a organização mais jovem e dinâmica do concelho. Em parte isso deve-se à sua fundadora-directora, que tem a grande capacidade de sonhar e construir.
Vi o projecto da piscina, do centro de encontros e de meditação. Um jantar na Cabreira, muito especial e cheio de significado, fechou a visita.
A procissão das velas em S. Pedro
No sábado da festa grande, fui à procissão das velas, durante a qual a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso é levada da sua capela para a igreja. A minha mãe era devota desta imagem. E eu sinto uma terna emoção, quando me irmano com a gente da minha aldeia nesta caminhada. Sinto a força do sentimento com que a humanidade, intemporalmente, se envolve no culto da Deusa-Mãe, Iemanjá Universal…
Se o Manuel Alcino se lembrar, para o ano que mande afastar os contentores do lixo do percurso. Assim como os carros estacionados, que dificultam os passos e contrariam a devoção.
Deixamos aqui um comentário colocado no post referente à Festa do Atletismo em Nave de Haver, por um descendente de antigo emigrantre na Argentina e natural de Nave de Haver, que procura membros da sua família desta terra "raiana".
Para os mais resistentes, mais algumas fotos, também cedidas pelo Paulo.
Mais um conjunto de fotos da Recreação do Cerco de Almeida. Desta vez foram cedidas pelo Paulo, da Câmara Municipal de Almeida, a quem deixo os agradecimentos e os parabéns pela qualidade do trabalho.
Com fotos do AMIGO PIRI, a quem desde já agradecemos a sua disponibilização, aqui ficam alguns momentos vividos na Praça Forte durante a Recreação dos dias 22, 23 e 24 de Agosto.
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